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Não caia na tentação do greenwashing, um pecado mortal para empresas

Maquiar dados, fingir preocupação ambiental, falsificar responsabilidade social — para ganhar simpatia e vendas — pode ser catastrófico

A esta altura do século 21, se você não ouviu falar em ESG, as iniciais do inglês para Environmental, Social and Governance, deve estar chegando agora ao mundo dos negócios. Quem está no mercado há mais tempo já sabe que esse conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança é questão de sobrevivência para as empresas.

É simples. Quanto mais distante das práticas ESG estiver a empresa, mais ela se afasta do mundo dos negócios moderno. Pode perder clientes, participação de mercado, ver o lucro se esvair. Quanto mais se aproxima, mais agrega valor à marca, tem reconhecimento dos consumidores, atrai investimentos.

Mas atenção: maquiar dados, fingir preocupação ambiental, falsificar responsabilidade social — para ganhar simpatia e vendas — pode ser catastrófico. Essa prática também tem nome em inglês: greenwashing.

Essa “lavagem verde”, em tradução para o português, consiste em promover discursos, ações, campanhas publicitárias sobre ser ambientalmente correto, sem sustentação no dia a dia do negócio. É dar a impressão de envolvimento, sem ter processos de governança que permitam a verificação das ações, ou seja, sem o compromisso real da empresa.

Ao ser descoberta a verdade, o prejuízo é grande. Consumidores tendem a deixar de comprar os produtos ou contratar serviços e os investidores buscam companhias mais sustentáveis, que adotem, de fato, práticas ESG.

De que forma, então, evitar o greenwashing?

Para começar, cuidado ao usar em produtos expressões como “amigo do ambiente” ou símbolos que sugerem prática ambiental não adotada pela empresa. Apresente as informações obrigatórias por lei sem destacar como se fosse um grande diferencial competitivo. Tenha comprovação para os dados divulgados e nunca publique informações falsas. Por fim, invista em um sistema de gestão ambiental e certificações.

É cada vez maior a pressão, de clientes, colaboradores, investidores, organizações internacionais para que as corporações cumpram um papel relevante na promoção de negócios sustentáveis, comprometidos com a preservação ambiental, o desenvolvimento social e a transparência na gestão. Diante dessa pressão, pode ser tentador apresentar-se como empresa ambientalmente correta, mesmo não o sendo. Não faça isso. No mundo dos negócios, esse é um pecado mortal.

*Izabela Rücker Curi é sócia fundadora do Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica e da Smart Law, startup focada em soluções jurídicas personalizadas para o cliente corporativo