A atenção ao tema da Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) tem crescido e importantes instituições públicas brasileiras têm publicado materiais e estudos, além de promover eventos relacionados ao assunto. Nas últimas semanas, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizaram lançamentos e fortaleceram a importância do CCS para o setor de energia. A EPE lançou o Caderno “Captura, armazenamento e utilização de carbono (CCUS) no Brasil” e um fact sheet sobre o uso de reservatórios salinos para o armazenamento de carbono enquanto a ANP lançou um relatório sobre a implementação do marco regulatório de captura, uso e armazenamento (ou estocagem) de carbono (CCUS) no Brasil.
“Essas iniciativas são todas muito importantes porque trazem informações valiosas sobre o cenário e as potencialidades do Brasil em relação a CCS, o que permite mais clareza na hora de promover políticas regulatórias e de incentivo ao setor. Isso mostra o quanto o tema de CCS vem sendo valorizado e priorizado por parte das instituições e a tendência é que isso cresça cada vez mais ao longo de 2024”, afirma Nathalia Weber, engenheira e diretora da CCS Brasil, associação que visa estimular as atividades ligadas à Captura e Armazenamento de Carbono no país. A executiva destaca ainda que outra iniciativa importante foi um evento sobre licenciamento ambiental de projetos de CCS que contou com a participação do Ibama, em junho, e que discutiu estratégias para fortalecer a segurança, integridade e a própria capacidade de armazenamento de carbono nos projetos brasileiros.
Estudos
A EPE lançou no fim de maio o Caderno “Captura, armazenamento e utilização de carbono (CCUS) no Brasil”, um estudo com georreferenciamento sobre os potenciais brasileiros para o desenvolvimento das atividades de CCS, com destaque para as principais áreas para reservatórios e poços exploratórios destinados ao armazenamento, os principais emissores de CO2, a disponibilidade de infraestruturas de transporte e de regiões de interesse para o mercado de créditos de carbono. O trabalho ainda destacou o potencial de CCS para as indústrias que possuem dificuldade em se descarbonizar como a petroquímica, mineração, siderurgia, cimento, aço, papel e celulose.
No fim de junho, o órgão também lançou um fact sheet sobre o potencial de reservatórios salinos para o armazenamento de carbono no país. Esses reservatórios, localizados em grandes profundidades e presentes em todas as bacias sedimentares, possuem alto potencial de armazenamento com baixo risco de escaparem para a superfície. Há, porém, desafios especialmente relacionados a dados e informações para a escolha dos melhores locais a serem explorados, conforme explica Nathalia. Embora haja projetos com reservatórios salinos no mundo, eles ainda estão concentrados na Europa e, em especial, nos Estados Unidos.
Por fim, a ANP lançou um relatório sobre a implementação do marco regulatório de CCUS no país, que buscou oferecer fundamentos, bases e orientações para a construção de uma regulação efetiva para o setor. Além de definir conceitos e estratégias, a agência faz uma análise de mercado e de modelos de negócio, traz um panorama sobre os principais projetos em desenvolvimento no Brasil e oferece instrumentos técnicos para propor estratégias de regulação. Por fim, o documento oferece algumas recomendações para a atuação da diretoria da ANP em relação à regulação do setor. Confira o documento aqui.
Sobre a CCS Brasil
A CCS Brasil é associação que visa estimular as atividades ligadas à Captura e Armazenamento de Carbono no país, um processo que visa trazer um impacto sustentável positivo para a sociedade e que reúne diversas tecnologias para a captura do CO2, transporte e armazenamento permanente do gás carbônico em formações rochosas profundas. A CCS Brasil busca promover a cooperação entre todos os entes que podem participar dessa cadeia produtiva e que incluem empresas financiadoras, indústrias, governo, universidades e a sociedade, visando o desenvolvimento desse mercado.