Pensando em criar novas oportunidades de crescimento, o mundo dos negócios tem abraçado a transformação digital. Um estudo da PwC, de 2023, revelou que para 69% das companhias brasileiras, um dos impactos mais esperados com a digitalização é o aumento da eficiência operacional, com 93% delas tendo adotado processos digitais e de automação nos últimos 5 anos, visando alcançá-la.
Ainda que desperte a atenção de executivos por seu potencial de otimização, para ser mais efetiva no longo prazo, a transformação digital deve abrir espaço, logo em seguida, para outra abordagem: a evolução digital. É ela que, após as primeiras mudanças realizadas, irá permitir que as empresas possam traçar estratégias eficazes em um ambiente em constante alteração. Isso se aplica a todos os setores, inclusive ao de contabilidade.
Nele, a transformação digital pode ser definida como um movimento disruptivo que envolve a adoção de tecnologias avançadas e a reestruturação de processos tradicionais para melhorar a eficiência e a precisão das operações contábeis. Isso vai além da simples digitalização de documentos, trata-se de uma mudança estratégica que altera profundamente a cultura organizacional e a maneira como as funções contábeis são desempenhadas. A transformação digital exige na realidade uma reavaliação completa das operações e da estratégia empresarial, impactando todos os níveis da organização.
Por outro lado, a evolução digital é um processo mais gradual e incremental. Nessa abordagem, as empresas adotam tecnologias de forma progressiva, com o objetivo de melhorar ou otimizar processos existentes, sem necessariamente modificar a estrutura ou o modelo de negócios. Sendo assim, enquanto a transformação digital busca uma reinvenção profunda e uma inovação disruptiva, a evolução digital foca em melhorias contínuas, permitindo que as empresas avancem sem a necessidade de mudanças radicais.
Mesmo sendo atrativa e necessária, os desafios de implementar a transformação digital na contabilidade são inúmeros. A resistência à mudança por parte dos colaboradores, a demanda por treinamento contínuo e a integração de antigos sistemas com novas plataformas são alguns dos obstáculos mais comuns. Além disso, a segurança dos dados e a falta de uma estratégia clara de transformação também representam barreiras significativas.
A boa notícia é que as tecnologias emergentes, como Inteligência Artificial (IA) e automação, são capazes de auxiliar na superação desses desafios. Por exemplo, a IA pode ajudar a personalizar o treinamento dos colaboradores, adaptando-se às necessidades individuais e acelerando a compreensão e adoção das novas ferramentas por eles. Enquanto isso, a automação pode simplificar processos repetitivos, liberando os profissionais de tarefas manuais e permitindo que eles se concentrem em atividades de maior valor estratégico.
Isso não só aumenta a eficiência operacional, mas também melhora a precisão e a consistência das operações contábeis. Além disso, a automação facilita a integração de sistemas antigos com novas plataformas, reduzindo o tempo de transição e mitigando possíveis interrupções no fluxo de trabalho.
Com essas tecnologias, as empresas podem criar um ambiente mais ágil e inovador, capaz de responder rapidamente às mudanças do mercado e atender às demandas dos clientes de forma mais eficaz.
Vale considerar que, enquanto a evolução digital proporciona um retorno sobre investimento mais estável e controlado, a transformação digital oferece a oportunidade de se destacar em um setor altamente competitivo, oferecendo serviços mais rápidos, precisos e personalizados. Assim, a contabilidade do futuro pode caminhar para ser mais proativa, com ênfase crescente em consultoria e análise preditiva, impulsionada pelas tecnologias emergentes.
As empresas que adotarem essas mudanças estarão melhor posicionadas para lidar com a complexidade e a velocidade das demandas do mercado, se beneficiando de uma maior transparência, segurança e eficiência em seus processos. Ao abrir e abraçar essa mentalidade de inovação, poderão enfrentar novos desafios tecnológicos com mais confiança e flexibilidade, promovendo um crescimento sustentável e resiliente mesmo em cenários de incerteza e volatilidade, transformando assim desafios em oportunidades.
* Daniel Eis é Diretor de Receita na Contmatic, empresa especializada no desenvolvimento de softwares contábeis e gestão empresarial.