Com a crescente popularidade de reality shows que oferecem prêmios milionários e até os altos valores disputados nas loterias, ganhar uma bolada do dia pra noite se tornou o sonho de muitas pessoas. No entanto, ver um milhão de reais na conta pode não ser sinônimo de conforto se o ganhador não tiver um bom planejamento financeiro.
Vários vencedores de realities, especialmente do "Big Brother Brasil" (BBB), enfrentaram dificuldades financeiras após receberem prêmios substanciais. Alguns dos exemplos mais notáveis são: Max Porto (BBB 9), que ganhou R$1 milhão mas rapidamente se endividou, gastando em luxos e festas. Ele confessou que não sobrou nada do prêmio e atualmente enfrenta dívidas significativas; e Paula von Sperling (BBB 19), que gastou todo o prêmio em viagens e diversos investimentos que não deram retorno. O mesmo vale para ganhadores de loterias, por exemplo, em que por conta de negócios mal concebidos, golpes, crenças sobre o dinheiro ser inesgotável, viram o montante se esgotando.
Para além dos grandes prêmios, a projeção do aumento do número de milionários no Brasil é positiva por diversos fatores. Segundo dados do Global Wealth Report 2024, a quantidade de brasileiros com mais de 6 zeros na conta deve aumentar 22% até 2028. Essa expectativa de aumento do número de pessoas com patrimônio líquido igual ou superior a US$1 milhão se deve ao crescimento econômico impulsionado pela expansão de setores-chave, como o agronegócio e a indústria, que podem gerar mais riqueza. Além disso, as políticas fiscais e a inflação controlada devem criar um ambiente mais estável para investimentos
Nesse contexto, o planejamento patrimonial e sucessório emerge como uma ferramenta indispensável para garantir a segurança e a sustentabilidade do novo patrimônio.
Para os recém-milionários, o êxtase inicial pode rapidamente se transformar em estresse se não houver um gerenciamento adequado dos recursos. “É importante entender a nova fortuna como uma oportunidade de vida melhor e sustentável, e o dinheiro, como gerador de renda e não apenas de aquisição de bens supérfluos”, explica Zhang Shuzong, CEO da Finvity, uma plataforma especializada em soluções de planejamento sucessório e patrimonial.
Nesse sentido, a ajuda de um especialista em planejamento patrimonial é indispensável para uma administração eficiente do patrimônio. "Quando se trata de grandes quantias, a falta de planejamento pode levar até à perda significativa do patrimônio. É importante que a pessoa entenda que aquele dinheiro que veio de forma rápida, também pode acabar subitamente", alerta Shuzong.
As recentes mudanças na legislação tributária também podem ser um grande empecilho para aqueles que deixarão grandes fortunas aos seus herdeiros. Com a perspectiva de aumento das taxas de impostos sobre ITCMD, os custos da sucessão irão aumentar, tornando ainda mais importante fazer um planejamento bem estruturado a fim de evitar colocar a família em uma situação de risco de liquidez e perda dos bens.
“O planejamento sucessório é frequentemente negligenciado por estar associado à morte, mas é uma ferramenta essencial para evitar problemas após o falecimento. Muitos enfrentam disputas familiares, altos custos de inventário e burocracia, que podem ser evitados com uma preparação adequada”, comenta o especialista..
Segundo o CEO da Finvity, é preciso considerar todos os aspectos, desde a criação de um testamento até a definição de beneficiários e a utilização de ferramentas jurídicas como holdings e fundos patrimoniais. “No caso de ganhadores da Mega-Sena ou de reality shows, que geralmente recebem um valor único e expressivo, é crucial criar um plano financeiro que inclua a proteção contra riscos e a definição de uma estratégia de investimento a longo prazo”, explica.
Um especialista pode ajudar a identificar os melhores instrumentos jurídicos e financeiros para proteger o patrimônio e evitar problemas futuros. "O milionário precisa saber que, ao falecer, existe uma conta a ser paga ao governo e que a família só consegue acessar os bens, após pagar essa conta. Por isso, o planejamento patrimonial e sucessório deve ser visto como um investimento na tranquilidade e na segurança do futuro, e não apenas como uma formalidade", conclui Zhang.